Sporting e Benfica venceram os seus jogos da 1.' «mão» dos quartos-de-
-final das Taças Europeias dos Campeões e UEFA, respectivamente.
O Sporting, perante o campeão espanhol, conseguiu escasso 1-0, golo a
dois minutos do fim marcado por Manuel Fernandes após intensa pressão
atacante sobre um adversário que chegou a Lisboa para garantir um nulo
vantajoso para San Sebastian.
Se o Sporting terá ainda 90 minutos difíceis em Espanha, (no dia 1 6) o
Benfica parte nesse dia teoricamente favorito para a 2.' «mão». O «líder» do
campeonato português causou sensação ao vencer em Roma o comandante da
prova italiana, onde alinham Conti e o brasileiro Falcão. Filipovic foi o marcador
dos dois tentos do triunfo benfiquista, aos 39 e 59 minutos. Dí Bartolomei marcou
aos 65 minutos, de grande penalidade, o golo dos italianos.
É preciso avisar a malta
Estava-se com o Credo na
boca e já umas centenas ti-
nham comdo para os portóes
quando aquele remate ses-
gado de Manuel Fernandes
passou sobre o arco de Arco-
nada e lsz um pequeno delido
em Alvalade. ¹o tanto como
se desejava, mas (enfim)
sempre foi melhor que nada.
Ainda que a magra vantagem
possa ser defendida em Ato-
cha com unhas e dentes. não
há dúvida que é lucro ilusório e
mais parece uma arma de dois
gumes, sendo já muito útil co-
meqar a mentalizar a rapa-
ziada
preferivel fingir que se parte
do zero absoluto do que enve-
redar por estranhes tácticas
de defesa do (-0, especial-
mente se adivinharmos o
ambiente febril e louco que vai
viver-se no jogo decisivo,
quando o «Euskera» for lingua
predominante na plateia e o
número um do Real Socie-
dade, tal como ontem de bra-
psdeira com a *Ikurrina, ape-
lar para o fervor patriócco do
Pala Basco, que, digam o que
disserem, vai estar a rodear
Lopez Ufarle e colegas pe-
rante um Sporting que não
viaja em carruagem confortá-
vel.
De facto, os «leões ~ tiveram
ontem tais oscitacõss, tão di-
ferente comportamento entre
as vánas coordenadas do es-
pectáculo, que dá para voltar a
mamar no lugar comum lá
muito batido: Oliveira joga-
dor está a prejudicar Oliveira
alta compet(Cão nao se com-
padece com uma dupla fun(ão
arrasante que acaba por não
beneficiar a bela imagem do
futebolista e também não ata-
petar de louros a prometedora
carreira de um excelente téc-
nico?
Evidentemente que se trata
de problema de foro intímo da
directiva leonina, mas, se
ontem tsm estado um
mlnimo de sagacidade e vi-
são, outro galo poderis hoje
cantar em Alvalade; porque foi
verdadeiramente inacreditá-
vel o desaproveitamento dado
a todo o flanco de progresso
pela direita dos
que uma só alminha comuni-
cesse para dentro do palco
que por sli é que o Real Socie-
dade podia baquear eslrrmdo-
samente. Mas o Sporting é
verdadeiramente masoquista
para os seus adeptos: gosta
de os fazer sofrer e, vai dai,
encurta e reduz a uma pe-
quena faixa a estrada até ás
redes contránas, não apenas
porque um extremo de raiz é
coisa que só acontece na
turma lunior (o magnifico
da turma mais credenmada.
Logo, por se ter metido no co-
lete de foroas dos espanhóis
e, mais ainda, ter sempre per-
sisitido no endosse por alto e
bombeado para a área do pon-
tapé fuzilante, o Sporting não
conseguiu mais que um soli-
tário remate para a ovaoão
maior. Pecúlio que pode obri-
gar a grande esforce para o
salto á etapa inédita desta
Taoa dos Campeóes da
grande Europa.
Nos alunos de Oliveira (em
vésperas de ser novamente
distinguido com o saboroso
transptragão que inspiragão,
pois quando Festas e No-
gueira deixaram de empunhar
a batuta, aquilo ficou sem rei
nem roque, pese a labuta de
Kikas e Zeztnho (excelentes),
mala do atento Meszaros e do
azougado Carlos Xavier, que,
juntamente com Lito e Virgitfo,
iam mostrando o que a cepa
dava. Mas, no tocante a ma-
nobra de conjunto, esquema
que enredasse a concorrên-
cia, temos conversado
Depois, há que ter em de-
vida conta que os homens da
Real Sociedad se bateram
com toda a rasa e gana, como
se a tradicional hirta
tian intérprete de primeira li-
nha. Jogando como se cada
minuto tosse o mais impor-
tante, todos por todos num sé
prumo, eis que um verdadeiro
turbilhão varria a relva, lenta-
mente correndo a estrutura
portuguesa, já de si sem poder
contar com um Manuel Fer-
nandes sm noite de cintilânaa
ou um Jordão minimamente
enquadrado na boa forma fi-
sica, dois casos que perfeita-
mente se encontram explica-
dos no sacrificio com que su-
peraram lesées de molde a
dar o melhor possivel á enti-
dade patronal. Porém já de si
enfraquecido pelas obrigató-
rias ausãncias de Mário Jorge
jo teste ás 20 horas foi para
zero), mais de Venâncfo (re-
centemente operado) e Kos-
tov (a cumprir o términus do
castigo uefeiro), o Sporting,
embora se tenha batido como
um valente, foi (pese o sentido
critico da expressão) um pás-
saro de
tamente porque não teve im-
pulso de voo para entrar no
castelo coritn! Áo.
A bola é redonda exacta-
mente porque a sua missão é
rolar, galgar terreno: ea
metros para conctuirem com
passes de meia dúzia de cen-
timetros. Oliveira (tal como Al-
ves) são os dois modelos cinti-
lantes que importa copiar:
mas, se o benfiquisla conse-
guiu abrir o livro em Roma, o
mesmo não está acontecendo
com o fabuloso mestre de Al-
valade que, de há uns tempos
a esta parte, tem o horáno
preenchido por tantas tarefas
que alguma acaba por resva-
lar do saco das prendas
E é um Oliveira a cem por
cento que todos nós exigimos:
não apenas para conduzir a
sua legião ao mais apetemdo
dos triunfos mas, igualmente,
para voltarmos a deliaa de
contemplar num Sporang a
todo o gás aquele que podia
ser um dos mdagres da sua
geracáo e, ontem, deixou o
violino na gaveta para alinhar
num coro sem solistas
Foi pena: o Sporting tinha o
pássaro na mão e deixou-o
escoar entre os dedos como
se fosse areia fina Todavia,
ainda há que jogar durante
hora e meia e, cá bem na
nossa consciéncia, mais vale
um golo de proveito que de
lamento.
Nieves de Sousa
Sob a magntfrca arbitragem do escocês Robert Valentine
(que mostrou o cartáo amarelo a Ceelayeta e Larrañaga), as equi-
pas alinharam:
Sporting: Meszaros; Virgilio, Zézinho, Kikas (Ademar, 70) e
Carlos Xavier; Lito, Festas e Nogueira; Manuel Fernandes, Olivei-
ra e Jordáo.
Real Sociedad: Arconada, Gajate, Larrañaga, Gorriz,
Ceelayeta e Munllo; Bakero (Orbegozo, 70), Diego Alvarez e
Zamora, Uralde (Zurrillaga, 82) e Lopez Ufarte.
Golo de Manuel Fernandes, aos 89 minutos.
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